LEVANTE-TE
E VEM PARA O MEIO ( Evangelho
(Lc 6,6-11))
Num outro sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a
ensinar. Lá estava um homem que tinha a mão direita seca. Os escribas e os
fariseus observavam Jesus, para ver se ele faria uma cura no dia de sábado, a
fim de terem motivo para acusá-lo. Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos,
disse ao homem da mão seca: Levanta-te e fica aqui no meio!. Ele se levantou e
ficou de pé. Jesus disse-lhes: Eu vos pergunto: em dia de sábado, o que é
permitido, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixar morrer?.
Passando o olhar sobre todos eles, Jesus disse ao homem: Estende a mão!. O
homem assim o fez e a mão ficou curada. Eles se encheram de raiva e começaram a
discutir entre si sobre o que fariam contra Jesus.
Nos dias de hoje, a liberdade é um tema de discussão
constante e prática prevalente em nossa sociedade. No entanto, a maneira como
entendemos e vivemos a liberdade muitas vezes difere fundamentalmente da
liberdade exemplificada por Jesus Cristo. A liberdade que Jesus encarnou está
intrinsecamente ligada à vontade do Pai Celestial, uma liberdade que se submete
à ação e ao propósito divino.
Ele enfatizou repetidamente que sua ação estava
alinhada com o que via o Pai fazer, declarando: "Vos garanto que o Filho
do homem não pode fazer nada por si só e sim somente o que vê o Pai fazer; o
que faz o Pai, faz o Filho" (Jo 5,19). Isso nos revela que a verdadeira
liberdade está na obediência amorosa e na harmonia com a vontade divina.
O coração desse entendimento está no amor. O amor
verdadeiro não se impõe, mas inspira e motiva à ação. Quando Jesus disse:
"Levanta-te e fica aqui no meio" (Lc 6,8), suas palavras não eram
meramente comandos, mas expressões de amor que restauravam não apenas a saúde
física, mas também a dignidade e a vitalidade espiritual daqueles que ele
tocava. E quando ordenou: "Estende tua mão" (Lc 6,10), realizou
milagres que não apenas curaram, mas também ressuscitaram a força e a vida
daqueles que estavam enfraquecidos e espiritualmente mortos.
A noção de "salvar" estava
intrinsecamente ligada à de "curar", revelando o amor incondicional
de Deus Pai por suas criaturas. Jesus, ao curar, estava, na verdade, salvando
aqueles que estavam espiritualmente mortos, e isso era um claro sinal do amor
de Deus em ação.
Na nova criação, onde o Filho age de acordo com a
vontade do Pai, a lei predominante é a do amor em ação. Não é uma lei que
permite a inatividade, mas uma lei que exige que estejamos ativamente engajados
em fazer o bem aos nossos irmãos necessitados. Portanto, a chave para o nosso
tempo é a união entre liberdade e amor, conforme exemplificado por Jesus.
A famosa citação de Santo Agostinho: "Ama e faz o
que queiras" ressoa profundamente nos dias de hoje. Ela nos convida a nos
configurarmos completamente com Cristo, o Salvador, cuja vida foi um testemunho
da harmonia entre liberdade e amor. Em última análise, a liberdade genuína está
em escolher o amor como nosso guia, agindo em conformidade com a vontade divina
e seguindo o exemplo de Cristo.
Nossa missão, como seguidores de Jesus, é viver essa
liberdade que nos capacita a amar incondicionalmente e a agir em prol do bem
dos outros. Em um mundo frequentemente voltado para a busca da liberdade
egoísta, podemos oferecer a verdadeira liberdade que liberta e o amor que
transforma. Isso é fundamental para vivermos plenamente como discípulos de
Jesus e como instrumentos do amor redentor de Deus.
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